CartaCapital : SOLUÇÕES PARA “O PIOR DOS MUNDOS”
.: CartaCapital :.
Especial Saúde
RECOMENDADO POR Rosa Sampaio Vila-Nova [rosa.sampaio@superig.com.br]
SOLUÇÕES PARA “O PIOR DOS MUNDOS”
Países pobres ou em desenvolvimento importam maus hábitos dos ricos, mas não têm recursos suficientes para compensar, com programas de saúde pública, a proliferação de doenças crônicas
Por Riad Younes
Nas últimas duas décadas, os registros de óbito definitivamente confirmaram: as doenças consideradas crônicas – problemas cardíacos, derrame cerebral e câncer, entre outras – praticamente tomaram conta do cenário de saúde pública. Em paralelo, avanços e pesquisas médicas permitiram introduzir na rotina diária métodos, intervenções, medicamentos e técnicas que efetivamente reduzem as suas conseqüências deletérias, quando não fatais.
Fila do sus.
No Brasil, esses males matam mais de 400 mil por ano e o custo do tratamento beira os R$ 11 bilhões
Infelizmente, a distribuição das doenças e o acesso a esses avanços não são equilibrados nem disseminados por todos os países ou regiões de forma balanceada. Existe uma enorme diferença, um abismo, entre as realidades das doenças crônicas nos diferentes continentes, e até em diferentes camadas da mesma sociedade. Mais ainda, observa-se uma dissociação entre os dados estatísticos que descrevem a incidência e a distribuição dos problemas e a ação tomada pelos responsáveis.
Somente em 2005, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 35 milhões de pessoas, em todo o mundo, vão morrer em decorrência de doenças crônicas. Apenas 20% dessas mortes deverão ocorrer em países ricos. O restante será contabilizado naqueles de baixa renda, do Hemisfério Sul. Não só a maior parte do número total de mortes ocorre em países pobres, mas também a taxa de mortalidade, ou seja, o número de óbitos em proporção à população estudada, é muito superior nessas regiões.
Estima-se que neste ano as doenças crônicas representarão 72% dos problemas de saúde de pessoas com mais de 30 anos de idade. A diferença da mortalidade por doenças crônicas entre países também é gritante. A Inglaterra e o Canadá registram, anualmente, taxas de 200 mortes por 100 mil habitantes, enquanto a Nigéria e a Tanzânia apresentam, no mesmo período, 800 óbitos. No Brasil esse número é de 700 mortes para o mesmo número de pessoas. Nesse aspecto, estamos, portanto, bem mais próximos da Tanzânia do que do Canadá.
Estatísticas oficiais do Ministério da Saúde do Brasil estimam que, apenas em 2003, mais de 400 mil óbitos foram resultado de doenças crônicas. Portadores desses problemas graves de saúde custam ao Brasil cerca de R$ 11 bilhões por ano em consultas, internações e cirurgias. Números astronômicos, principalmente se levarmos em consideração que a maioria dos casos é perfeitamente evitável.
A OMS estabeleceu objetivos de melhora da saúde mundial. Alcançando as metas globais de redução e de controle das doenças crônicas, projeta-se que, entre 2005 e 2015, cerca de 36 milhões de mortes serão prevenidas. Dessas, 28 milhões somente nos países pobres. Essa redução almejada pela OMS corresponde a uma queda de apenas 2% na taxa anual de óbito por essas doenças no mundo.
Existe uma percepção errada das graves conseqüências das doenças crônicas e dos seus fatores de risco. Tanto a sociedade quanto as autoridades médicas parecem ignorar dados epidemiológicos. Pelo menos é o que se pode supor quando se vê a distribuição de verbas dedicadas às doenças crônicas.
Muitos ainda crêem que essas doenças são basicamente problemas de comunidades ricas, idosas, com todos os riscos e hábitos inapropriados adquiridos na modernidade, como sedentarismo, fumo, obesidade e dietas não saudáveis. Trata-se de uma visão, no mínimo, inadequada. As doenças crônicas são, atualmente, um problema muito maior em países de baixa renda, especialmente naqueles que não possuem ou não destinam montantes razoáveis de recursos para a saúde pública.
Dados recentes, além de evidências de estudos científicos, sugerem que as mortes por doenças cardiovasculares e por câncer de pulmão estão ocorrendo em idades cada vez mais precoces nos países de baixa renda – exatamente onde os tratamentos eficientes são uma raridade e a prevenção não é estabelecida como política básica de saúde pública.
O problema com essa visão deturpada quanto à distribuição e aos danos das doenças crônicas é que os governos e as autoridades de saúde dedicam parte desproporcional – quase sempre menos que o mínimo razoável – dos recursos para essas enfermidades. Conseqüentemente, a população tem de arcar com esses gastos. A prevenção e o tratamento tornam-se um peso enorme para os indivíduos. Os custos pessoais ultrapassam a capacidade financeira das famílias, o que contribui para o seu empobrecimento progressivo.
África.
A OMS tem como meta evitar 28 milhões de mortes em países pobres nos próximos dez anos
Além de multiplicar dramas pessoais e familiares evitáveis, trata-se de uma abordagem de saúde pública ineficaz. Sociedades que dedicam poucos recursos para a prevenção de doenças crônicas fatalmente perderão somas mais elevadas na correção e no tratamento das conseqüências desses problemas.
Muitos especialistas desanimam diante da complexidade da tarefa de prevenir essas doenças orientando e ajudando as pessoas a mudar de hábitos. Mas recentes estudos mostram claramente que o comportamento humano pode ser modificado por influência de vários fatores. E vários deles estão ao alcance dos governos e dos profissionais de saúde.
Não surpreende saber que a melhora econômica e social de uma comunidade reduz progressivamente a incidência e a gravidade de doenças consideradas crônicas. Mas nem tudo depende da elevação dos padrões socioeconômicos. Experiências de países ricos demonstram que muito pode ser alcançado com intervenções adequadas e – o que é mais raro em países pobres – ininterruptas. Adiantam pouco campanhas pontuais que não se estabelecem como ação contínua.
A taxa de mortalidade por doenças cardíacas, por exemplo, tem caído mais de 60% nos últimos 30 anos em países como Austrália, Canadá, Japão e EUA. Nesse período, apenas nos EUA mais de 14 milhões de mortes foram evitadas com essas intervenções permanentes. Calcula-se que, na Inglaterra, 3 milhões de óbitos deixaram de ocorrer. Esses dados correspondem a uma redução nas taxas de morte por doenças crônicas entre 1% e 3% por ano nas últimas três décadas.
A pergunta básica é: como isso poderá ser alcançado também nas regiões mais pobres do planeta? Robert Beaglehole, da OMS, deixa muito claro que “o conhecimento científico para atingir essas metas nos próximos dez anos já existe. No entanto, muitos desses países têm recursos limitados e uma carga de problemas crônicos de saúde redobrada”.
Existem três componentes que, associados, podem ajudar na prevenção e no controle das doenças crônicas: intervenções individuais, intervenções baseadas na população e intervenções na macroeconomia. As três devem ser postas em ação de forma concatenada.
Segundo especialistas da OMS, trata-se de uma meta realista, e urgente. É pouco provável que um governo isoladamente consiga superar o desafio de levar a um país pobre pelo menos uma parte importante dos progressos alcançados pelos mais ricos. É necessário pôr em movimento um amplo processo de conscientização social.
Sofrimento e alto custo.
Na falta de prevenção, multiplicam-se as cirurgias e internações
Há a necessidade imperativa de uma associação de esforços. Aos serviços públicos cabe a responsabilidade de coordenar as ações da sociedade para reduzir a morbidade e a mortalidade por doenças crônicas de modo geral. Entre as medidas destacam-se a prevenção ao tabagismo, o incentivo à adoção de hábitos dietéticos saudáveis e campanhas intensivas e contínuas para detecção precoce, tratamento e controle de doenças como hipertensão arterial, diabetes, obesidade e câncer.
Recentemente, o Ministério da Saúde lançou o Projeto Brasil Saudável, que tem como objetivo estimular a população a adotar modos de vida diferentes, com ênfase na atividade física, na reeducação alimentar e no controle do tabagismo. O projeto envolve um conjunto de ações, desde campanhas publicitárias na mídia, com orientação à população para mudar seus hábitos, até a implantação de núcleos para a prática de atividades físicas em todas as capitais do País, até o fim de 2006.
A própria natureza complexa e multifatorial das causas e dos riscos das doenças crônicas exige uma abordagem múltipla, incluindo não somente governo e sociedades médicas especializadas, mas também empresas e organizações não-governamentais. Todos têm de ser envolvidos no processo da prevenção e no manejo das doenças crônicas. A meta final é nobre o suficiente para exigir a nossa imediata, e prioritária, atenção.
MITOLOGIA INSALUBRE
Especialistas internacionais desfazem equívocos perigosos
Um painel da Organização Mundial da Saúde discutiu o quadro das doenças crônicas existentes. Os especialistas divulgaram um resumo dos mitos que dificultam a abordagem mais agressiva do problema.
Mito 1: Doenças crônicas são problemas de ricos.
Fato: A maioria (80%) das mortes em decorrência de doenças crônicas acontece em países pobres. Os fatores de risco (como pressão alta, diabetes, fumo...) para essas doenças aumentam mais rapidamente em comunidades de baixa renda do que em regiões ricas
Mito 2: Por que essa preocupação? Afinal de contas, as pessoas têm de morrer de alguma coisa.
Fato: Sem dúvida, todo mundo vai morrer de alguma coisa, mas a morte não precisa ser precoce ou dolorosa nem o final da vida incapacitante. A maioria das doenças crônicas não causa morte imediata. Ao contrário, são anos de sofrimento e de gastos com tratamento e reabilitação.
Mito 3: As doenças crônicas levam anos para se instalar e se desenvolver, após longa exposição aos fatores de risco. É difícil reverter esse quadro. Levaria décadas.
Fato: As ações preventivas com redução da exposição a fatores de risco agem rápido. Muitos benefícios são detectados precocemente, tanto no plano individual quanto em termos de estatísticas populacionais.
Mito 4: As ações preventivas exigem muitos recursos e o seu custo-benefício é ruim.
Fato: A maioria das ações para prevenir doenças crônicas exige poucos gastos, e até podem aumentar a arrecadação dos cofres públicos. Diminuir o sal nos alimentos, por exemplo, tem custo ínfimo. Bastaria a conscientização da população e a adequação das indústrias de alimentação. Medidas como elevação de impostos sobre o cigarro podem contribuir para aumentar a arrecadação do governo.
Especial Saúde
RECOMENDADO POR Rosa Sampaio Vila-Nova [rosa.sampaio@superig.com.br]
SOLUÇÕES PARA “O PIOR DOS MUNDOS”
Países pobres ou em desenvolvimento importam maus hábitos dos ricos, mas não têm recursos suficientes para compensar, com programas de saúde pública, a proliferação de doenças crônicas
Por Riad Younes
Nas últimas duas décadas, os registros de óbito definitivamente confirmaram: as doenças consideradas crônicas – problemas cardíacos, derrame cerebral e câncer, entre outras – praticamente tomaram conta do cenário de saúde pública. Em paralelo, avanços e pesquisas médicas permitiram introduzir na rotina diária métodos, intervenções, medicamentos e técnicas que efetivamente reduzem as suas conseqüências deletérias, quando não fatais.
Fila do sus.
No Brasil, esses males matam mais de 400 mil por ano e o custo do tratamento beira os R$ 11 bilhões
Infelizmente, a distribuição das doenças e o acesso a esses avanços não são equilibrados nem disseminados por todos os países ou regiões de forma balanceada. Existe uma enorme diferença, um abismo, entre as realidades das doenças crônicas nos diferentes continentes, e até em diferentes camadas da mesma sociedade. Mais ainda, observa-se uma dissociação entre os dados estatísticos que descrevem a incidência e a distribuição dos problemas e a ação tomada pelos responsáveis.
Somente em 2005, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 35 milhões de pessoas, em todo o mundo, vão morrer em decorrência de doenças crônicas. Apenas 20% dessas mortes deverão ocorrer em países ricos. O restante será contabilizado naqueles de baixa renda, do Hemisfério Sul. Não só a maior parte do número total de mortes ocorre em países pobres, mas também a taxa de mortalidade, ou seja, o número de óbitos em proporção à população estudada, é muito superior nessas regiões.
Estima-se que neste ano as doenças crônicas representarão 72% dos problemas de saúde de pessoas com mais de 30 anos de idade. A diferença da mortalidade por doenças crônicas entre países também é gritante. A Inglaterra e o Canadá registram, anualmente, taxas de 200 mortes por 100 mil habitantes, enquanto a Nigéria e a Tanzânia apresentam, no mesmo período, 800 óbitos. No Brasil esse número é de 700 mortes para o mesmo número de pessoas. Nesse aspecto, estamos, portanto, bem mais próximos da Tanzânia do que do Canadá.
Estatísticas oficiais do Ministério da Saúde do Brasil estimam que, apenas em 2003, mais de 400 mil óbitos foram resultado de doenças crônicas. Portadores desses problemas graves de saúde custam ao Brasil cerca de R$ 11 bilhões por ano em consultas, internações e cirurgias. Números astronômicos, principalmente se levarmos em consideração que a maioria dos casos é perfeitamente evitável.
A OMS estabeleceu objetivos de melhora da saúde mundial. Alcançando as metas globais de redução e de controle das doenças crônicas, projeta-se que, entre 2005 e 2015, cerca de 36 milhões de mortes serão prevenidas. Dessas, 28 milhões somente nos países pobres. Essa redução almejada pela OMS corresponde a uma queda de apenas 2% na taxa anual de óbito por essas doenças no mundo.
Existe uma percepção errada das graves conseqüências das doenças crônicas e dos seus fatores de risco. Tanto a sociedade quanto as autoridades médicas parecem ignorar dados epidemiológicos. Pelo menos é o que se pode supor quando se vê a distribuição de verbas dedicadas às doenças crônicas.
Muitos ainda crêem que essas doenças são basicamente problemas de comunidades ricas, idosas, com todos os riscos e hábitos inapropriados adquiridos na modernidade, como sedentarismo, fumo, obesidade e dietas não saudáveis. Trata-se de uma visão, no mínimo, inadequada. As doenças crônicas são, atualmente, um problema muito maior em países de baixa renda, especialmente naqueles que não possuem ou não destinam montantes razoáveis de recursos para a saúde pública.
Dados recentes, além de evidências de estudos científicos, sugerem que as mortes por doenças cardiovasculares e por câncer de pulmão estão ocorrendo em idades cada vez mais precoces nos países de baixa renda – exatamente onde os tratamentos eficientes são uma raridade e a prevenção não é estabelecida como política básica de saúde pública.
O problema com essa visão deturpada quanto à distribuição e aos danos das doenças crônicas é que os governos e as autoridades de saúde dedicam parte desproporcional – quase sempre menos que o mínimo razoável – dos recursos para essas enfermidades. Conseqüentemente, a população tem de arcar com esses gastos. A prevenção e o tratamento tornam-se um peso enorme para os indivíduos. Os custos pessoais ultrapassam a capacidade financeira das famílias, o que contribui para o seu empobrecimento progressivo.
África.
A OMS tem como meta evitar 28 milhões de mortes em países pobres nos próximos dez anos
Além de multiplicar dramas pessoais e familiares evitáveis, trata-se de uma abordagem de saúde pública ineficaz. Sociedades que dedicam poucos recursos para a prevenção de doenças crônicas fatalmente perderão somas mais elevadas na correção e no tratamento das conseqüências desses problemas.
Muitos especialistas desanimam diante da complexidade da tarefa de prevenir essas doenças orientando e ajudando as pessoas a mudar de hábitos. Mas recentes estudos mostram claramente que o comportamento humano pode ser modificado por influência de vários fatores. E vários deles estão ao alcance dos governos e dos profissionais de saúde.
Não surpreende saber que a melhora econômica e social de uma comunidade reduz progressivamente a incidência e a gravidade de doenças consideradas crônicas. Mas nem tudo depende da elevação dos padrões socioeconômicos. Experiências de países ricos demonstram que muito pode ser alcançado com intervenções adequadas e – o que é mais raro em países pobres – ininterruptas. Adiantam pouco campanhas pontuais que não se estabelecem como ação contínua.
A taxa de mortalidade por doenças cardíacas, por exemplo, tem caído mais de 60% nos últimos 30 anos em países como Austrália, Canadá, Japão e EUA. Nesse período, apenas nos EUA mais de 14 milhões de mortes foram evitadas com essas intervenções permanentes. Calcula-se que, na Inglaterra, 3 milhões de óbitos deixaram de ocorrer. Esses dados correspondem a uma redução nas taxas de morte por doenças crônicas entre 1% e 3% por ano nas últimas três décadas.
A pergunta básica é: como isso poderá ser alcançado também nas regiões mais pobres do planeta? Robert Beaglehole, da OMS, deixa muito claro que “o conhecimento científico para atingir essas metas nos próximos dez anos já existe. No entanto, muitos desses países têm recursos limitados e uma carga de problemas crônicos de saúde redobrada”.
Existem três componentes que, associados, podem ajudar na prevenção e no controle das doenças crônicas: intervenções individuais, intervenções baseadas na população e intervenções na macroeconomia. As três devem ser postas em ação de forma concatenada.
Segundo especialistas da OMS, trata-se de uma meta realista, e urgente. É pouco provável que um governo isoladamente consiga superar o desafio de levar a um país pobre pelo menos uma parte importante dos progressos alcançados pelos mais ricos. É necessário pôr em movimento um amplo processo de conscientização social.
Sofrimento e alto custo.
Na falta de prevenção, multiplicam-se as cirurgias e internações
Há a necessidade imperativa de uma associação de esforços. Aos serviços públicos cabe a responsabilidade de coordenar as ações da sociedade para reduzir a morbidade e a mortalidade por doenças crônicas de modo geral. Entre as medidas destacam-se a prevenção ao tabagismo, o incentivo à adoção de hábitos dietéticos saudáveis e campanhas intensivas e contínuas para detecção precoce, tratamento e controle de doenças como hipertensão arterial, diabetes, obesidade e câncer.
Recentemente, o Ministério da Saúde lançou o Projeto Brasil Saudável, que tem como objetivo estimular a população a adotar modos de vida diferentes, com ênfase na atividade física, na reeducação alimentar e no controle do tabagismo. O projeto envolve um conjunto de ações, desde campanhas publicitárias na mídia, com orientação à população para mudar seus hábitos, até a implantação de núcleos para a prática de atividades físicas em todas as capitais do País, até o fim de 2006.
A própria natureza complexa e multifatorial das causas e dos riscos das doenças crônicas exige uma abordagem múltipla, incluindo não somente governo e sociedades médicas especializadas, mas também empresas e organizações não-governamentais. Todos têm de ser envolvidos no processo da prevenção e no manejo das doenças crônicas. A meta final é nobre o suficiente para exigir a nossa imediata, e prioritária, atenção.
MITOLOGIA INSALUBRE
Especialistas internacionais desfazem equívocos perigosos
Um painel da Organização Mundial da Saúde discutiu o quadro das doenças crônicas existentes. Os especialistas divulgaram um resumo dos mitos que dificultam a abordagem mais agressiva do problema.
Mito 1: Doenças crônicas são problemas de ricos.
Fato: A maioria (80%) das mortes em decorrência de doenças crônicas acontece em países pobres. Os fatores de risco (como pressão alta, diabetes, fumo...) para essas doenças aumentam mais rapidamente em comunidades de baixa renda do que em regiões ricas
Mito 2: Por que essa preocupação? Afinal de contas, as pessoas têm de morrer de alguma coisa.
Fato: Sem dúvida, todo mundo vai morrer de alguma coisa, mas a morte não precisa ser precoce ou dolorosa nem o final da vida incapacitante. A maioria das doenças crônicas não causa morte imediata. Ao contrário, são anos de sofrimento e de gastos com tratamento e reabilitação.
Mito 3: As doenças crônicas levam anos para se instalar e se desenvolver, após longa exposição aos fatores de risco. É difícil reverter esse quadro. Levaria décadas.
Fato: As ações preventivas com redução da exposição a fatores de risco agem rápido. Muitos benefícios são detectados precocemente, tanto no plano individual quanto em termos de estatísticas populacionais.
Mito 4: As ações preventivas exigem muitos recursos e o seu custo-benefício é ruim.
Fato: A maioria das ações para prevenir doenças crônicas exige poucos gastos, e até podem aumentar a arrecadação dos cofres públicos. Diminuir o sal nos alimentos, por exemplo, tem custo ínfimo. Bastaria a conscientização da população e a adequação das indústrias de alimentação. Medidas como elevação de impostos sobre o cigarro podem contribuir para aumentar a arrecadação do governo.
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